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Fundo investirá em faturas de cartão de crédito

segunda-feira, 21 de outubro de 2013 - Por Valor Econômico

Por Vinícius Pinheiro e Felipe Marques | De São Paulo
 

A Sorocred, bandeira de cartão de crédito com atuação regional nascida no interior paulista, prepara uma captação da ordem de R$ 100 milhões com a venda de recebíveis com lastro em suas operações de cartões de crédito. A operação, pioneira no mercado brasileiro, será estruturada pela gestora Empírica Investimentos, via fundo de investimento em direitos creditórios (Fidc).

A expectativa é que a captação, caso seja bem sucedida, abra uma nova fonte de financiamento para as empresas do setor. As faturas a pagar de clientes sempre foram vistas como um lastro potencial para compor fundos de recebíveis, mas as dificuldades no "empacotamento" dos pagamentos feitos pelos portadores dos cartões travam as operações.

É o caso, por exemplo, de quando cliente opta pelo pagamento mínimo da fatura, no lugar de acertar o valor total. Como são cobradas na fatura, além das compras do cliente, tarifas e seguros vinculados ao cartão, fica difícil determinar quanto dessa quantia vai para as compras e quanto para honrar os outros compromissos quando há o pagamento mínimo.

A ideia do fundo surgiu quando a Empirica buscava ativos para compor o lastro de uma outra carteira, de créditos inadimplentes, conta Leonardo Calixto, sócio da gestora. Formada em 2010 por ex-executivos do HSBC e com foco em produtos estruturados, a gestora possui R$ 500 milhões sob gestão.

Embora não revele detalhes da estrutura que montou para a Sorocred, afirma que ela poderá ser replicada em outros produtos. "Assim que lançarmos o primeiro fundo, outros logo surgirão com um modelo semelhante", diz, ao justificar o sigilo na estratégia para a formação da carteira.

Por ser uma estrutura nova, a primeira emissão do fundo, chamado "Fidc Empírica Sorocred Cartões", deve oferecer uma rentabilidade mais atrativa, afirma. A carteira terá três classes de cotas, divididas conforme o nível de risco, sendo que duas delas serão vendidas no mercado.

As cotas seniores, as últimas a sofrerem perdas caso o fluxo de recursos do Fidc não seja suficiente para remunerar todos os investidores, terão uma meta de retorno equivalente à taxa interfinanceira (CDI) mais 4,25% ao ano, enquanto as cotas mezanino, com menor proteção, renderão CDI mais 5,5%. A série subordinada, que ficará com a Sorocred, receberá todo o ganho remanescente, mas também será a primeira a registrar eventuais perdas.

A venda de créditos para o fundo é uma forma de diversificar as captações, afirma Mary Helen Souto, superintendente financeira da Sorocred. A empresa também é uma financeira e tem 35% do seu mix de captações concentrado em depósitos cobertos pelo fundo garantidor de créditos (DPGE). "Cartão é um segmento em alta e recebemos visitas todo dia de potenciais investidores", diz. A empresa conta com cinco milhões de cartões emitidos, sendo apenas dois milhões considerados ativos (com uma utilização no ano).

O lastro do fundo será composto por créditos devidos por uma base de 100 mil a 200 mil clientes. "A partir dessa base, é possível traçar os níveis históricos de inadimplência e determinar o grau de subordinação necessário para minimizar os riscos aos investidores", diz Calixto.

Na Sorocred, a inadimplência acima de 180 dias dos cartões fica em 5%, afirma Mary Helen. O valor é abaixo do que se observa em uma carteira de cartões pois contabiliza também o estoque de operações de parcelado sem juros, que dilui o calote no rotativo. O dado geral, porém, não seria o mais adequado para se calcular o potencial de perdas do fundo, já que a cessão dos créditos será realizada selecionando operações conforme o período em que as compras foram realizadas, para evitar épocas de calote mais intenso, segundo Calixto.

 

http://www.valor.com.br/financas/3310290/fundo-investira-em-faturas-de-cartao-de-credito#ixzz2peDmaEBq

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